Consagração, conversão levada ao extremo.
























"Ama de todo coração a Deus e a Jesus Cristo seu Filho crucificado" (5 CCL)

A Cruz, só a Cruz é que atrai as vocações. É ela o motivo da entrada do jovem na vida consagrada e de sua permanência.

Esse blog vocacional é uma das formas que a Fraternidade O Caminho encontrou para tratar, através de um "bate-papo" franco, alguns temas que na maioria das vezes constituem um problema na hora do jovem abraçar a vida consagrada.

O jovem que nos procura deve estar ciente que estará vindo para uma vida de renúncias, para uma árdua e difícil missão, para uma austera pobreza, experimentada num clima de perfeita alegria.

Venha viver conosco o desafio de ser discípulo de Cristo.

Não se atrai jovens com propagandas publicitárias, atrai-se com testemunho.

A vida consagrada é chamada a atrair os homens para Deus. Será que pode haver algo mais fascinante que isso?


Pe. Gilson Sobreiro
Fundador da Fraternidade O Caminho



sábado, 11 de agosto de 2012

Vinde e Vede! Vale a pena ser de Deus!

Que Procurais? Essa pergunta sempre me chama a atenção quando me deparo com o Evangelho de Nosso Senhor, mais precisamente no Evangelho de São João, 1,35. 

Tome comigo o Evangelho e mergulhemos no que o Senhor nos diz: Jesus está passando, quando João aponta para Ele e faz uma das mais belas declarações já feitas sobre Jesus: “Eis o Cordeiro de Deus”. (v.36) 

O cordeiro era o animal de expiação dos pecados. João anuncia o fim último da missão de Jesus, a nossa Salvação, a remissão de nossas culpas. 

V. 37 – “Os discípulos ouviram-no falar e seguiram Jesus”. Como é bonito ver a prontidão dos discípulos de João que escutam o seu mestre falar e imediatamente dão crédito a sua palavra. Não pedem maiores explicações sobre Jesus, apenas seguem-no. Quem sabe a atitude dos dois discípulos já nos mostram que João Batista, não era um homem de palavras vazias, como tantos de hoje. Sua palavra encontrava em sua vida o apoio necessário para convencer. 

Jesus percebe que está sendo seguido, volta-se para eles e faz, na minha opinião, uma das mais belas perguntas da Sagrada Escritura: Que procurais? 

Podemos ouvir nosso Senhor nos perguntando: que procurais? 

O desdobramento desta pergunta quem sabe seria: Pelo que você está vivendo? Qual é a finalidade da sua vida? Qual o sentido de sua existência? Onde está sua realização plena? 

Quem sabe você responderia essa pergunta como tantos que já ouvi dizendo: eu quero ser feliz! Mas eu insisto: o que é felicidade? O que pode te fazer feliz? 

Nós vemos por ai tantas pessoas, se esforçarem para passar no vestibular, dedicando horas de estudo. Vemos pessoas se matando de trabalhar para comprar uma casa, ou um carro. Vemos por outro lado, pessoas se matando por um amor não correspondido. 

Afinal onde está essa tal felicidade? Que procurais? O que vai te fazer feliz? 

Amados irmãos e irmãs, quero vos dizer que a felicidade não está naquilo que passa! 

Não coloque a sua realização naquilo que passa. Com isso não quero dizer que não devemos passar no vestibular, comprar um carro, ou ainda amar alguém. Mas estou dizendo que a sua felicidade não pode depender disso. A felicidade não está naquilo que você tem mas naquilo que você é. 

Mas voltemos ao Evangelho e vejamos a bela resposta dos discípulos. Essa resposta me incomoda, me questiona: “Onde moras?” 

Tenho certeza que você não levaria para sua casa alguém que você não conhece. A casa é o lugar da intimidade. A pergunta dos discípulos então poderia ser: “Mestre com eu faço para ter intimidade contigo?”. 

Esse era o desejo dos discípulos. Era comum o Mestre levar seus discípulos para casa. É muito comum hoje as pessoas buscarem Deus por aquilo que Ele pode dar. Que pena! Por que muito mais do que te dar curas, milagres e benção, Deus que se dar a você! Deus quer estar com você. É preciso que você deseje Deus. Deseje essa intimidade, essa experiência de amor! 

“Vinde e Vede!”, disse o Senhor ao discípulos. Vinde e vede! Diz o Senhor a você hoje. 

Faça essa experiência de amor. Deus não pode ficar somente na teoria. Deus não é matéria de Teologia, de catequese, ou de estudo bíblico. Deus é pessoa, com quem devemos nos encontrar. A nossa felicidade depende desse encontro. “Eles foram e ficaram com ele aquele dia”. 

Não basta se encontrar com o Senhor, é preciso permanecer com ele. 

Que procurais? Onde moras? Vinde e vede! Que essas perguntas te movam em busca do Senhor, e te façam experimentar o mesmo amor que um dia eu experimentei. 

Um dia eu recebi esse convite e depois que eu experimentei, nunca mais eu o larguei. 

Vale a pena ser de Deus! Vinde e Vede! 


Ir. Kephas Filho das Santas Chagas, pjc.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Santa Clara de Assis

Dia 11 de Agosto comemoramos o Dia de Santa Clara… 

Conheçamos um pouco daquela que nos convida, pela via da oração contemplativa a nos transformar por completo na imagem de Deus, amando de todo coração à Deus e a Jesus Cristo, seu Filho crucificado. 

O seu nome já diz tudo. “Clara de nome, mais clara ainda pela sua vida, claríssima em suas virtudes” (1 Legenda de Tomás de Celano 18). O nome foi dado por sua mãe, que sentindo chegar a hora do parto, orava na Igreja, de frente ao Crucificado, implorando a graça de um parto feliz, quando ouviu uma voz lhe dizer: “”Não receies senhora, porque de ti nascerá, sã e salva, uma luz de brilho mais claro que o próprio dia” (Legenda de Santa Clara 2). Fiel a esta profecia, sua mãe Hortolana a batizou com o nome de Clara. Detalhe: na mesma pia batismal que o pobre de Assis, São Francisco, havia sido batizado doze anos antes. 

Era o ano de 1193. Seu pai era cavaleiro e sua mãe provinha de uma família de aristocratas. Recebera boa educação e fora preparada, como uma jovem pertencente a nobreza, para um promissor casamento. 

Motivada pelo testemunho e pelas palavras de Francisco, decide abandonar a casa paterna, vender seus bens aos pobres e viver pobremente num mosteiro, juntamente com outras irmãs. Era o ano de 1210. O referencial de Clara é a conversão de Francisco, “que , como homem novo, tudo renovava”. Se há um homem novo, é porque houve uma homem velho. Diante dessa mudança tão radical, Clara quis logo vê-lo e ouvi-lo. Quis saber o que de fato tinha acontecido, porque todos diziam que ele havia se tornado um louco. 

A conversão dramática e extrema de Francisco acompanhou Clara por toda vida. Em seus escritos, insistentemente ela a cita: “Depois que o Altíssimo Pai Celestial, pouco depois da conversão de nosso bem-aventurado Pai São Francisco, iluminou-em o coração para que, seguindo-lhe o exemplo fizesse penitência” (Testamento de Clara 24). Clara, com a mesma intensidade de Francisco, compreendeu a conversão como princípio de uma vida totalmente diferente da que até então levara. 

A expressão “fizesse penitência” nos mostra de forma precisa o caráter radical e evangélico de sua mudança. Com isso, ela nos ensina que o chamado a uma vida consagrada supõe, antes de tudo, um chamado à conversão. Sem conversão não pode haver consagração! Francisco também ouvira falar de tão prendada menina e por isso quis conhece-la (Legenda de Santa Clara 5). 

Os encontros lhe revelaram que a jovem Clara buscava algo mais do que aquilo que já vivia. Em sua casa, Clara já procurava viver uma vida de oração “a sua oração era sua ocupação preferida” (Legenda de Santa Clara 4); de mortificação: “sob os vestidos preciosos e finos usava um pequeno silício” (LCL4); e de amor aos pobres: “enviava comida às escondidas para saciar os mais fracos” (LCL3). 

Clara precisava somente de um exemplo e o encontrou em Francisco. E agora o que fazer?, perguntou-se Clara. “Aproximava-se a solenidade de Ramos, quando a jovem de fervoroso coração, foi ter com o homem de Deus, para saber o que deveria fazer para mudar de vida”. “O Santo Pai (São Francisco) lhe ordenou que se apresentasse bem vestida e adornada, que participasse com o povo na cerimônia de Ramos e que na noite seguinte deixasse a cidade, transformando as alegrias mundanas em luto pela Paixão do Senhor” (LCL 7). 

Clara assim o fez. Vai para a Igreja, bem vestida, e lá lago de curioso acontece. No momento da distribuição dos ramos, o Bispo desce do altar e lhe entrega pessoalmente um ramo. Era o prenúncio de uma virgindade consagrada. Na noite seguinte Clara foge de casa. Sai às escondidas pela porta do fundo para não ser vista. A Santa sabia que a família nunca a apoiaria em tão grande loucura, deixando tudo para trás: segurança, conforto, proteção, família e amigos. 

A forma de vida das Irmãs Pobres de São Damião, nome que Clara dera ao seu pequeno grupo, consistia em viver o Evangelho em absoluta pobreza e fraternidade. 

Clara foi a primeira mulher a escrever uma regra e ser aprovada pela Igreja. Nisso podemos ver que Clara foi uma jovem decidida. Desde que descobrira que havia um “Nobre Cavalheiro” digno do seu amor, lançou-se sem reservas em seus braços, tornando-se assim “Sponsa Christ”, esposa de Cristo. Sua aliança com o Esposo da alma é para o sempre. 

Com Ele e por Ele, suporta todas as provações, ultrapassa todos os obstáculos. Tudo isso, sem queixas e arrependimentos. É a perfeita alegria que lhe ensinara seu Pai espiritual, São Francisco de Assis. Clara é ao mesmo tempo encantadora e desconcertante. 

Clara atrai, mas também incomoda. Deve ser por isso que cada época é salva pelo Santo que mais a contradiz. Amou e serviu até o fim e morreu, após longos anos de sofrimento, como sempre vivera, feliz, deixando para toda Igreja um legado de santidade e uma família numerosa de filhas. O ano era o de 1253. 

Que nossa seráfica mãe Clara nos abençõe! 


Pe. Gilson Sobreiro 
Fundador da Fraternidade O Caminho 

(Texto extraído do livro “Consagração, Conversão Levada ao Extremo. Um itinerário vocacional com Santa Clara de Assis. Editora Palavra & Prece. 2ª Edição, 2008)

sexta-feira, 25 de maio de 2012


Visita à Bolívia

Cheguei domingo à cidade de El Alto depois de um inesperado problema que encontrei quando cheguei ao aeroporto de Assunção. O box da empresa aérea que faria o trajeto Assunção/La Paz estava fechado e quando fui me informar o motivo me disseram que ela havia falido já fazia alguns dias.
A vontade de visitar nossas missões foi mais forte, porém que as dificuldades encontradas por isso que depois de alguns reajustes cheguei por fim a Bolívia.
Ir. Bernardo e Ir. Petrus, juntamente com duas amigas da Obra, já estavam me esperando. Fomos direto para a casa dos irmãos onde toda a comunidade estava lá aguardando a chegada do fundador.
Se a figura de um fundador é importante para a vida de uma comunidade que ainda está dando seus primeiros passos no país onde surgiu imaginem vocês o quanto não é significativa para as missões que se encontram fora dele.
Os dias que lá passei foram marcados pela oração, adoração, celebração da Santa Missa, pequenos trabalhos domésticos, reuniões e, sobretudo por momentos de gratuidades.
A casa dos irmãos é um albergue que acolhe todos os dias os filhos que vivem nas ruas. Eles chegam á noite e depois de tomarem uma sopa bem quentinha se recolhem para dormir. Pela manhã tomam café e depois saem outra vez para as ruas.
Escrevendo assim até parece ser bem pouco o que se faz, entretanto se levarmos em consideração o clima de El Alto, quase sempre abaixo de zero, esse acolhimento é vital para a vida dos filhos que vivem nas ruas.
Não poucas vezes aparece nos jornais da cidade noticias sobre “mendigos” que morrem de frio nas ruas.
Os irmãos também fazem curativos e levam os filhos que se encontram bastante debilitados para os hospitais. Não só isso, eles também vão às ruas juntamente com as irmãs.
Um dos frutos do trabalho realizado é que alguns filhos já estão vivendo na casa dos irmãos.
Os irmãos e as irmãs também desenvolvem um trabalho missionário com os presos. Uma das cadeias visitada fica à uma hora de ônibus e mais três quilômetros a pé. Tudo isso para cumprir o mandato de Jesus que nos diz “estive preso e fostes me visitar” (Mt 25,36).
As irmãs também estão começando um trabalho junto às adolescentes que vivem em situação de prostituição e ajudam na comunidade paroquial Virgem Milagrosa.
Uma das coisas que mais me impressionou nessa visita missionária foi o carinho e o respeito que os irmãos e as irmãs tem pelo povo boliviano, pela sua cultura e pelas suas tradições. Me alegrou também o coração a bela experiência de vida fraterna que eles vivem e a alegria por poderem levar o Carisma da Fraternidade “além fronteira.”  Ide por todo o mundo...
Um dos momentos mais marcantes da minha estada em El Alto foi a Missa em Ação de Graças pela nova capela das irmãs e o postulantado da Lili, nossa primeira vocação boliviana. Amigos e benfeitores vieram de todas as partes para esse significativo momento da vida da comunidade. 
Depois da Santa Missa a alegria tomou conta de todos e foi marcada pelos diferentes ritmos bolivianos; la morenada, la cueca, el caporale, etc.
Deus abençoe a cada um dos irmãos e irmãs que estão na Bolívia e a vontade de voltar lá é tão grande que quem sabe eu não volte ainda esse ano para vê-los outra vez.
Pe. Gilson Sobreiro, pjc
Pobre missionário de Jesus Cristo